13 de jun. de 2010

O que o sábado que parece domingo acaba trazendo.

Insistia em escrever sobre coisas que já não fariam o menor sentido. O tempo andava estagnado: não sabia o que fazer. Narrava as coisas que me aconteciam e sempre dizia para que se cuidasse. Queria pedir que me cuidasse. Faltava coragem. Ela sabia o fazer, eu tinha esquecido. Lembrava de tempos não remotos em que se preocupava consigo mesmo. Hoje já não dava importância. E contava as história que o cercavam, mas acabava falando de si mesmo de forma indireta e pretenciosa. Ele sabia que ela não gostava de ouvir, mas não conseguia se calar. Ela só concordava e fingia que nem notava suas lamentações.
O frio cercava e ele não queria se levantar. Recebia propostas que não tinha a mínima paciência de cumprir, mas o tédio impedia de negar. Formulava desculpas retóricas que não sabe se adiantariam. Não levantava para escovar os dentes. O cuidado era menor e a falta de vontade de qualquer coisa só aumentava. A gêngiva sangrava e ele prometia para si mesmo fazer algo. As leituras ficavam pela metade e o dia passava devagar. Tinha pressa, mas o tempo não era seu amigo.
Pensava em coisas que já o desinteressavam. Pedia ajuda para a literatura, mas ela dizia que não conseguiria viver por ele. A garrafa dizia o mesmo e fazia a cabeça doer no outro dia, a beleza desarrumava a cama e não colocava a mesa.
Chorava, mas não sabia os motivos. Deixava os soluços que se apossarem. Eles vinham de tempos em tempos.
Sentou num banco de uma praça qualquer, a grama molhada impossibilitava de sentar no chão. Lembrava de história da noite anterior e via que nada mudava. Percebeu que as linhas andavam tortas. Sua escrita andava torta e não senti a mínima necessidade de mudar.
Ao chegar em casa tomou um café sem açúcar. Não impediu que o amargo se apossasse do resto de seu corpo. Assim ficou.

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