14 de jun. de 2010

O passar dos anos e a maturidade sentimental da preferência nacional

Não entendo o motivo que convencionamos a chamar de experientes as pessoas mais velhas. Obviamente, se formos considerar o fato de terem vivido maior quantidade de situações adversas o adjetivo pode ser até bem aplicado, mas ao considerar experiência como sinônimo de maturidade essa expressão deixa muito a desejar. Principalmente se tratando de sentimentos. Ando cansado de falar de mim mesmo - que são os únicos sentimentos de homem que entendo. Então tratarei das mulheres.
Algo que sempre pensei durante a adolescência era que mulheres balzaquianas (trintonas) eram bem resolvidas, sabiam o que queriam, tinham a vida encaminha, ou seja, todas aquelas coisas que os nossos pais nos dizem que temos que ter resolvido ao chegar aos 30. Iludia-me com esse pensamento e sempre admirava as ditas trintonas. Pensava eu: "Nossa, além de ter uma baita estrada na cama, elas sabem o que querem. Já chegam por cima." Claro que algumas delas realmente são assim, mas normalmente essas se deram bem (financeiramente falando) ou são casadas. Tratando de mulheres solteiras, a idade é inversamente proporcional à maturidade sentimental.
Com o passar do tempo comecei a me envolver com as diversas faixas etárias de mulheres ainda me iludindo que a ideal só poderia ser balzaquiana ou quase lá. Toda aquela experiência e a individualidade seriam um sonho. Claro que o corpo já estava começando a declinar, mas isso não é tudo e muitas ainda não chegaram nessa fase. Balde de água fria e choque de realidade.
As mulheres de vinte anos ainda não tem experiência em relacionamentos, tiveram, no máximo, um ou dois namorados, não sofreram grandes desilusões, nunca foram pedidas em casamento, e o corpo estava no ápice de toda a vida. Com isso se tornam independentes, ainda conseguem dar risadas com os problemas, não criam expectativas gigantescas, se contentam com a companhia das amigas, ainda conseguem levar relacionamentos sem ansiarem loucamente por um casamento ou por algo que o valha. Ou seja, ainda existe muita vida pela frente e, assim, ainda conseguem levar a vida de forma leve e os relacionamentos idem. Não aceitam traições. Existem mil possibilidade e então não há porque passar por isso. São seguras de si.
A vida corre e passam a se decepcionar, já sofreram o bastante pra não confiar à primeira vista, mas por outro lado a carência vai aumentando. Não se encantam tão facilmente como no início da vida adulta, os olhos não brilham mais tão facilmente, a energia para paixões já não é a mesma, mas ao se apegarem a armadilha está armada. As amigas que outrora estavam sempre do lado aparecem casadas ou grávidas e, assim, o desespero só vai aumentando. A necessidade de ter alguém do lado da mesma forma e a paciência para aguentar problemas diminui, mas mesmo assim a paciência de aguentar o tempo sozinhas também é menor. Aceitam traições, defeitos e justificam isso como sendo seguras de si, mas não aceitam ouvir que já não existem tantas possibilidades e não tem mais vontade, paciência, disposição de começarem de novo.
Não faço apologia às novinhas e, muito menos, diminuo as balzaquianas, mas, claramente, notei que todas as minhas expectativas de experiência sexual e sentimental não andam juntas considerando a vida das mulheres. A solução do problema? Não faço a menor idéia. Dai-me paciência, Senhor!

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