7 de jun. de 2012

Medo da perda

Sente-se do lado do inimigo, aperte os cintos e aproveite a viagem. A poltrona deve ficar levemente inclinada: se deitar totalmente, a guarda cai e o sono vem, se permanecer na posição original, a tensão transparecerá. Medo da perda. Ações e reações com finalidades pré-concebidas por temer a perda. Pouco importa o que se sente. O ter toma a dianteira de qualquer outra manifestação do sentir. Falar em sentimento cansa e é bobo. Carinhos trocados sem significados, um show de gritos e sussurros para uma plateia invisível enquanto o pensamento alça um voo inesperado que jamais chegará ao seu destino. Palidez diante da ausência, ânsia por controle e detalhes de pouca importância. Teoria maniqueístas sobre conspirações em regimes que jamais existiriam. Rima pobre e metáfora sem significado. Falta de poesia e frigidez dos corpos quentes. Movimentos robóticos de um eletropunk decadente tocada por uma banda que sonha em ser star sem técnica alguma. Boquete estético em um monstro gigantesco e sem falo. Psicanálise do consciente e inconscência fingida. Descaso com a métrica de uma prosa de areia. Quando se imita gestos de momentos longíquos é cinismo chamar de deja vú ou fingir esquecimento. A lógica é estúpida, mas a insistência é mantida por auto-flagelo. Carvões acesos e uma parafernalha de coisas a fazer ignoradas.