25 de abr. de 2010

do moço de chapeu e da moça que não podia prender o cabelo

o pensamento andava distante e assim tropeçava em pedras que pareciam tão evidentes.
a lua não aparecia mais em sua janela. dias cinzas e nuvens carregadas.
esquecia a chaleira de água fervendo no fogo por várias vezes.
a cada domingo uma nova gripe pra não levantar.
regava sementes de flores que não sabia o nome.
esquecia que o outono as impedia de nascer.
inventava histórias que percebia que eram só suas.
saía de chapeu porque não gostava da barba molhada.
se enrolava no cachecol com medo do frio.
lembrava de ternuras e tricoteava juntando os pedaços.
dos dias já haviam passado mais de 60, mas ele não acabara o filme.
queria pintar de vinho a colcha branca e pintar de branco o seu coração.
sempre ouvia que deveria ser cuidadoso e não chegar muito perto com a sua taça e nem derramar todo seu carinho.
"fica bem" era sempre repetido.
leve.

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