12 de abr. de 2011

Da desvalorização referencial

Havia se cansado. Aventuras vãs, impulsividade, efemeridade e ausência de qualquer certeza. Os rumos de sua vida andavam se tomando sem ele consentir de todo, mas pouco fazia para impedir. Vivia de momentos que nada diziam para ele. Havia esquecido tudo que cultivara a tantos anos, que os livros lhe diziam e que dominou seus pensamentos, talvez, por toda a vida? Pensava que não. Sentia uma dor latente dentro de si mesmo.

Era mal-compreendido. Cultivava uma dor que valorizava acima de tudo. Mentia pra si mesmo dizendo que esta se chamava poesia. Não se enganava de todo. Também era. Juntamente com sua frustração e falta aparente de certezas e de previsões. Andava acomodado em suas incertezas e pouco fazia para mudar: não via motivo claro para que o fizesse.

Imaginava que encontraria em corpos ou em copos algumas soluções que nem sabia ao certo se buscava. Vivia sem direção. Estendia-se em noitadas e deixava sua vida de lado. Faltava ao trabalho e esquecia de suas aulas. Mais que cíclica, sua vida era um redemoinho. Andava em círculos que cada vez apagavam mais seus referenciais primeiros.

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