9 de mar. de 2011

Para esquecer

O maior sacrilégio estava consolidado e era seguido de noites mal dormidas e dores pelo corpo. O desânimo se espalhava pelo âmago e carregava uma certeza de que nada iria melhorar. Refletia sobre seus atos e sentimentos doados e não carregava nenhum peso na consciência, apenas decepção. Matutava sobre o amor que lhe era mediocremente entregado e sentia-se apunhalado por este ser inexistente. Não fizera promessas por temê-las, mas se mostrava disposto a sentir o que antes era impossível. Via-se espelhado na pessoa que outrora nada se parecia a cada dia que passava, entretanto viu seu maior defeito também refletido. Certa vez lhe disseram: "tu não sabe valorizar quem tem por ti apreço". E ela faria o mesmo. Não entendia qual eram os problemas que rondavam ou coisas do tipo. Sentia-se ainda pior pela desculpa esfarrapada no lugar de uma verdade doída que era a sua nova vida e que ele não poderia compartilhar. Não escrevia para esquecer, apesar de dizer isso. Escrevia para sentir mais intensamente. Imaginando que talvez o sentimento tenha isso de se for mais forte ser menos duradouro já que foi desta forma que se sucedeu a eles. Ao se entregar de todo, seu amor deixara de ser válido em troca de incertezas e novidades. Via-se no espelho.

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