4 de jan. de 2011

A fumaça e a desgraça que a gente tem que tossir

O ventilador girava tão lentamente que parecia demorar alguns minutos para a fumaça se perder no pouco vento produzido.Às vezes penso que o calor vai me sufocar, mas também carrego a impressão de um novelo de palavras entaladas na garganta. A respiração palpita cansada ao meu lado e me reviro entre as marcas deixadas no lençol poído. As pernas penam para se mover e colocar o cigarro que ao encontrar restos de cerveja no fundo da garrafa. Diria que o calor me impediria, mas mentiria em meio a outras desculpas igualmente esfarrapadas. Rabiscava em papel seda com a luz que entrava pelas frestas da cortina pequena demais para a janela. O disco parado se riscava e meu âmago palpitava como ecos em uma caverna sem fim.

Nenhum comentário:

Postar um comentário