13 de jul. de 2010

De cismas esnobes e comodismos

Certa vez me dissera “se eu tivesse uma irmã gêmea, me envolveria com ela certamente.” Um comentário nada atípico da sua parte e do padrão que ela sabia me enojar. Eu notava que sempre lhe faltava certa prolixidade em fazer esses comentários descabidos. Escutava-os como um tapa na face do tipo que deixava marcas de dedos por um tempo longo. Ela insistia em repetir concomitantemente a suas atitudes desagradáveis de fazer gestos e caras que me repugnavam. Ficava estático e desconversava na falta de audácia para retribuir-lhe a altura.

À primeira vista, admirava toda aquela sua liberdade em encurtar caminhos para tocar em assuntos que eu deixava de lado e para mostrar o seu lado sagaz no que tangia a falar de si mesma. Nunca me pareceu esnobe e nem austera, entretanto tinha uma implicância e um narcisismo peculiares que ansiava por explicitar. Eu fingia ignorar, mas ela me jogava às vistas.

Da forma costumeira em relações prolongadas, os detalhes pareciam tomar proporções gigantescas como se ciscos se tornassem cegueiras e hematomas, coágulos. Ela sentia meu pesar e se mostrava apática para me intrigar de forma ainda maior. Eu seguia impotente sem a mínima capacidade e possibilidade de defesa.

Eu a desejava ardorosamente, sabia. Aqueles minutos sobre o seu corpo me convenciam que poderia relativizar toda a intolerância com seu sarcasmo apurado e elegância fingida. Sentia o seu cheiro arder sob meu corpo e lhe arrancava suspiros insaciáveis na sua mais uma tentativa de se sobrepor. Nessas vezes, inutilmente. Acendia um cigarro e ria das suas reclamações pelas marcas deixadas e cabelos arrancados. Altivo, escondia o regozijo suprido e ignorava suas pirraças.

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