20 de mar. de 2012

Da chuva limítrofe entre meus sonhos e os dias que não durmo

Foi quando deixei de dormir. Sempre quis um desses blusões rústicos de lã que vem da Finlândia. Devem ser feitos de lã de ovelha recém tosada. No Perú fazem de lhama. Tenho a impressão que esse ventilador de teto velho ira cair sobre minha cabeça e não sei se viverei. O chá de camomila esfria na xícara. Tentativa inútil de trazer o sono de volta. Tantas contas pra pagar, o dia pra viver e eu sigo sem dormir. Meus olhos fecham de cansaço, de um sono ausente. Sinto aflição esperando uma resposta tua. Ela virá? Foi quando decidi não premeditar. Mentira. Sigo fazendo. O esquema articulado se desenvolve sem motivo evidente. Uma paixão propositada de antemão. Minhas leituras me vislumbram, mas não tenho forças para continuá-las. O estômago ronca, mas não vou ceder. Minha crise de ontem não foi proposital. Mero fruto do acaso. Ainda sinto agora as estranhas retorcerem diante da espera de um fantasma invisível que já tomou posse de boa parte de meu ser. Advertia-o para que viesse lentamente, entretanto tinha poucas forças. Já não dormia mais. A fumaça pouca dissipada pelo vento incipiente produzido por essa hélices enferrujadas que giram ao contrário. A solidão não atrasa o relógio, todavia o tempo se vai de forma vazia. Vazio de utilidades procrastinadas. É a terceira vez que toca a mesma canção, mas o vento pouco me diz vindo lentamente. Espero a chuva que seja demais em meus sonhos. Não busco mais a lua. Pouco uivo para o vazio de minha imaginação. Meu peito ronca. Tenho que voltar para os filtros brancos. Oxalá dar um tempo. Não, tempo não se dá, custe o que custar. Sinto o cheiro de café que invade a casa. Solução fugidia para meu estado de putrefação acordada. Os dias seguiriam da forma costumeira se não tentasse os controlar. A última gota já amarga do chá esquecido me traz a impressão que dias doces virão. Virão?

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