29 de jan. de 2010

à beira do mar aberto

eu te dizia que os gregos chamavam de aurora do dedo róseos. não lembro se inventei ou lí em algum lugar. eu sempre arranjava uma desculpa para não estar ali. andava desatento e apático. na fuga para o cigarro tu dizia pra ficarmos mais um pouco e eu inventava uma desculpa para voltar logo. tu sorria tanto e eu fingia que não via. fui te contaminando. no fim das contas tu passou a andar de cabeça baixa ao fundo. olhava para a sombra que não se movia. jogávamos areia para ver o vento espalhar. faltou um canto, um quarto a dois. não me importei. estava deixando tudo para depois. dormiamos com a tv ligada. tu correu para o mar com teu biquini verde e eu não pude não notar, mas tu voltava a meu colo e eu já não me importava mais. tu me dizia tanta coisa e eu fingia escutar. não ignorava as consequências óbvias, mas não me importava. tu me dizia que nada era óbvio. olhamos os livros na estrada. um costume típico para um final (in)esperado. as dunas, a casinha vermelha, milhares de fotos, os abraços deixados para trás, as fones de ouvido divididos me fazem lembrar do que deixei partir. o cenário me causa dor. "tenho pressa, embora não pareça."

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